Apometria é Espírita?
No início da década de 1930, Chico Xavier publicava a sua primeira obra psicografada, Parnaso Além-Túmulo. Após esse marco, Chico serviria de instrumento para que diversos outros espíritos pudessem se comunicar: sua mãe, Emmanuel, André Luiz, Humberto de Campos, Irmão X, entre tantos mais.
O médium Hercílio Maes, em 1955, publica as elucidações trazidas do “além” por Ramatís, nos informando sobre a vida em outros planetas, sobre a fisiologia da alma, o Mediunismo, O Espiritismo, a Cura, a Umbanda…
Em 1908, o Caboclo das Sete Encruzilhadas, através da mediunidade do jovem Zélio Fernandino de Morais, fundava a Umbanda, trazendo a luz da universalidade para as práticas da assistência caritativa junto à Espiritualidade.
A Teosofia, a Rosa Cruz, o Hermetismo, o Ocultismo, o Budismo, a Antroposofia e tantas outras vertentes trazem os seus ensinamentos sobre a vida imortal do espírito, representadas por seus agentes mais ilustres.
A inteligência suprema do Pai, sob a tutela de Jesus, insere no planeta várias frentes educativas, concomitantes e sincréticas, para que nosso espírito e nível de consciência sejam, de alguma maneira, tocados através da identificação didática e ritualística com algumas dessas fontes de esclarecimento. O céu não é espírita, não é umbandista, evangélico, católico ou regido por qualquer outra religião inventada pelos homens.
Se Allan Kardec tivesse escrito que ´fora do Espiritismo não há salvação´, eu teria ido por outro caminho. Graças a Deus ele escreveu ´Fora da Caridade´, ou seja, fora do Amor não há salvação. (Chico Xavier)
Particularmente, eu adoto os livros da Codificação Espírita, o “Consolador prometido”, como a minha principal base de estudos, escritos de modo simples, direto e de fácil entendimento coletivo, sem didáticas fantasiosas, excesso de metáforas e alegorias que dificultam a compreensão das suas lições.
Se me amais, guardai os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro consolador, para que fique eternamente convosco, o Espírito da Verdade, a quem o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece. Mas vós o conhecereis, porque ele ficará convosco e estará em vós. – Mas o Consolador, que é o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito. (João, XIV: 15 a 17 e 26)
Certo é que Allan Kardec, o codificador da Doutrina Espírita (e não da “religião espírita”, porque essa também é uma invenção humana, posterior ao seu desencarne), não encerrou com suas preciosas obras todos os ensinamentos universais necessários para o nosso entendimento da vida terrena e do além-túmulo. E já o fez demais! Devemos lembrar que o nosso nível de consciência, até hoje, ainda não foi capaz de entender e apreender, por cristalização didática, por preconceito e por interpretações equivocadas, todos os seus precisos ensinamentos.
Nos nossos trabalhos, somos amorosamente auxiliados por inúmeras egrégoras de espíritos trabalhadores, que se apresentam em roupagens com as quais mais se identificam, em seu momento atual, podendo adaptá-las de diversas formas para que nós, que somos ainda muito limitados e julgadores, possamos entendê-las em sintonia com o repertório psíquico que temos em nosso espírito.
A espiritualidade está ciente de que, talvez, para um médium formado em centro “espírita”, por exemplo, seja mais coerente que um espírito que se identifica com a roupagem de um caboclo se apresente como um padre ou um médico, momentaneamente, em respeito às limitações e aos preconceitos de um médium que porventura não se sinta tão à vontade ao receber mensagens de um índio caracterizado. Do mesmo modo, é mais “tocante” e eficaz para um humilde agricultor ser assistido por um preto velho, cuja linguagem acessará diretamente o seu coração; assim como um arrogante advogado será mais crédulo se assistido por um traquejado mestre ascensionado, que demonstre firmeza na linguagem, para dar mais legitimidade às suas manifestações.
Essas adaptações por parte dos espíritos serão necessárias até que nós, encarnados, tenhamos a consciência de que a assistência amorosa não julga a origem, a crença e é composta por muitos espíritos, independentemente da forma como se revelem no trabalho. Um mesmo trabalhador da equipe espiritual auxiliará em trabalhos no centro e no terreiro, com a mesma amorosidade, mas com vestes apropriadas para o entendimento da equipe presente de médiuns e assistidos.
Médicos, freiras e padres, enfermeiros, exús, hindus, extraterrenos, ciganos, juremeiras, pomba-giras, caboclos, pais velhos, iogues, soldados, marceneiros, pedreiros, cientistas, matemáticos, artistas, gente como a gente se apresenta nos trabalhos, para trabalhar e evoluir!
Há milhões de trabalhadores do bem assistindo idônea e ativamente a Humanidade, no anonimato, dos dois lados da vida. E não importa, para mim ou para você, qual é a religião ou a “linhagem” espiritual seguida por eles. Há muitos ateus ou agnósticos que trabalham mais em prol do seu próximo do que muitos beatos de plantão. Portanto, abaixo o preconceito!
Um grande abraço!
Ana Furginelli